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nake, mestre secreto, há muito tempo descreveu o passado obscuro e pouco conhecido desta ilha. É evidente que nossa carga sobrenatural atrai para cá todo tipo de criatura transmundana, mas essas descrições apresentam um raro relato histórico de Florianópolis como um importante reduto de vampiros e resume as transformações sofridas pela cidade e suas consequências irreversíveis geradas. Este assunto estava adormecido e muito pouco se foi falado para evitar histeria ou pânico, principalmente com as Bruxas, comumente avessas aos vampiros. Além disso, existe real perigo em sua publicação, pois o que será exposto deve ser evitado e nunca investigado por pessoas comuns. Ele foi criado por teóricos, magos, estudiosos da fantasia e do sobrenatural. Um tabu, que para corajosos desbravadores, não deve ser ignorado.

 

Estes jogadores da mente foram alimentados por anos através de um complexo de comunicação, o que foi capaz de desenvolver imensa absorção de histórias, relatos e contos sobre os assuntos dos homens, mulheres e seres do nosso planeta. Todo seu trabalho de mais de uma década resiste indexado a servidores, e sua essência habita nos herdeiros desta tribo, hoje absorvidos pela vida dos adultos. O reduto de tantas histórias resiste em cada condomínio onde se reúnem mentes incríveis livres para voar para um futuro mágico. Suas tolices são casos de vida ou morte e viver é alimentar essa aventura.

Segundo os escritos de Snake, Florianópolis das Trevas começou a ser povoada há 6.000 anos atrás. Viviam aqui pescadores e coletores de moluscos e esta terra de abundante natureza só gerou interesse arkano com a chegada dos tupi-guaranis durante o século IX. Os carijós eram amigáveis aos navegantes que passavam pela costa em direção ao sul do continente e tinham liderança de um filho de arkanita chamado Manoqui. Até então, Floripa era chamada de Baía de Los Perdidos e foi renomeada como Ilha de Santa Catarina em 1526 por Sebastião Caboto, um mago da Escola de Yamesh, fundada no Egito há mais de 4.000 anos e representada por personalidades como Moisés, Abraão, Noé, Temístocles, São João Batista, São Pedro, São Linus , Leonardo DaVinci, Michelângelo e Brunelleschi. Porém, nunca se confirmou o pretexto do nome: seria uma homenagem a sua esposa Catarina, ou à Santa Catarina de Alexandria, quem lhe salvou a vida durante uma batalha diante um Cavaleiro das Trevas?

Com o mago Caboto veio o strigoi Lemes de Brito, interessado em supostos portais na região que pudessem levá-lo para vários planos e semiplanos diferentes. Este vampiro, o primeiro a chegar no Brasil, nasceu em 999 durante o crescimento do cristianismo pela Europa, e sempre foi um burocrata ante a violência comum daquela época no continente. Em 1034, foi vampirizado pelo Strigoi Agestto por acreditar na sua perseverança em dar seguimento ao um legado vampírico. Sua história tem grandes feitos, como a tomada de Toledo na Espanha em 1085, da formação de Aragão e Castela em 1132 e posteriormente de Portugal em 1143, onde assumiu o seu nome. Seu pressentimento Strigoi viu o perigo da criação da Ordem dos Templários e foi contra a criação desenfreada de vampiros que ocorreu em seguida para combater os cavaleiros. Isto contrariou a arrogância comum dos mais experientes que não acreditavam na força dos templários, mas deu passe livre para o extermínio dos vampiros através da Inquisição, um processo de controle da população sobrenatural sem precedentes. Guiado pelo seu extinto de sobrevivência, Lemes de Britto se colocou à disposição de Nathanael Van Hooves na organização dos vampiros contra os Templários, onde em 1307, brindou a vitória da morte de Jacques de Molay e seus comandados. A história da organização acabou em um briga interna e com consequências duras para Lemes de Britto, que foi punido com o presente de organizar a Camarilla no Novo Mundo. Virou príncipe e executor dos traidores.

Por volta de sua chegada, nossa região era usada como esconderijo para bandidos e fugitivos, muito devido a convivência em harmonia dos carijós com os estrangeiros. A chegada de Lemes de Brito iniciou um reduto de vampiros a partir do século XVI. Foi um dos primeiros a chegar no Brasil, muito atraído pela série de portais que acreditou existir. Em seguida, iniciou-se uma série de transformações, como no nome Ilha do Desterro ou Ilha dos Desterrados, criado durante a expedição de um vampiro chamado Juan Dias Sollis. Suas embarcações foram atacadas durante tormentas e tempestades por um imenso monstro-marinho. Na ocasião, onze sobreviventes do ataque foram acolhidos por índios carijós. Lemes de Brito acolheu Juan Dias de Sollis, lhe dando abrigo antes de seguir viagem para São Vicente. No século XX, ele acabou voltando a Florianópolis, onde reside até hoje.

A chegada  da comitiva em 1675 do templário Francisco Dias Velho fundou oficialmente Nossa Senhora de Desterro e trouxe consigo disfarçado como padre o primeiro anjo da Cidade de Prata e a pisar nesta ilha, Hazael. Mais tarde, o pirata demônio inglês Robert Lewis Lewis, em uma expedição que vinha do Perú, onde realizara um imenso saque de ouro, prata e itens mágicos dos povos andinos, é atacada pelo mesmo monstro-marinho que já destruiu diversas embarcações. O inglês se estabeleceu no norte da ilha para recuperar sua tripulação e embarcações. Sem conhecer o povoado, os piratas ingleses foram atacados de surpresa pelas tropas de Dias Velho, e daqui fugiram humilhados ao largarem os seus tesouros. Lewis Lewis retornou com a promessa de vingança e um banho de sangue, mas foi interceptado pelo anjo Hazael, quem percebeu no pirata uma aura demoníaca sem precedentes, e para o bem da população lhe devolveu todo o tesouro em troca da promessa que o pirata nunca mais voltasse. Mesmo assim, o poder maligno de Lewis Lewis causou muitas mortes, inclusive de Dias Velho. Abalada e com medo, a família do fundador do povoado retornou a São Vicente, deixando aqui apenas um dos seus filhos.

 

No século XVII, deu-se origem as primeiras lendas bruxólicas da ilha. A convite de Lemes de Brito vieram para Florianópolis a vampira bruja Maria Costanza e três de suas crias, Leandra Camatta, Fátima Stern e Márcia Constantino. Essa vampira bruja é cria original das 13 vampiras, mantendo contato até hoje com Samantha e as outras. Lidera aqui em Florianópolis um sabá e aguarda vampirizar suas discípulas no próximo ritual de criação de vampiras, marcado para 2022 em Toledo, Espanha. Leandra Camatta é sua serva e coordenadora das feiticeiras da Ordem, providenciando alimentos e recrutando aspirantes a bruxa pela ilha. As três crias preferem se manter escondidas para não chamar atenção da Wicca, muito menos do Clube de Caça. Já Lemes de Brito e Constanza vivem a maior parte do tempo dormindo, despertando apenas para se alimentar em festas vampíricas promovidas por Sollis.

A influência de vários templários que desejavam aqui a instalação de conjuntos militares fizeram a ilha ser elevada à categoria de vila em 1726. Alguns anos mais tarde se iniciaram as construções de fortalezas. No séculos seguintes, cresceu a presença de iluminados locais, proporcionando outras elevações de categoria, de cidade e logo em seguida em capital da província. Os templários organizam neste período a chegada das Fúrias da Ordem de Luvithy para uma grande luta por território com as brujas. As fúrias na sua verdadeira forma são seres grotescos com 2,5 metros de altura, cabelos ressecados e embaraçados, pele asquerosa e fétida, dentes afiados como os de um tubarão e garras que chegam a quinze centímetros de comprimento. A guerra é interrompida pois o domínio templário entra em xeque com a chegada da República, em 1889, de predominância iluminada. Estas mudanças levam a construção de uma resistência ao novo governo, liderada por templários que colocam Desterro distante do poder central. A resposta veio com influência dos iluminados e ficou conhecida como Revolução Federalista, coordenada por Floriano Peixoto e com fim trágico para 185 insurgentes executados na Fortaleza de Anhatomirim, quase todos templários. Desde então, cessaram as ordens templárias por aqui na Nossa Senhora do Desterro. Como uma homenagem ao presidente e líder da Revolução Federalista, o nome da cidade é alterado pela última vez para Florianópolis, ou seja, cidade de Floriano.

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século XX foi de mudanças místicas e mundanas. Uma das mais emblemáticas é a construção da ponte Hercílio Luz, que atraiu diversas ordens mágicas para a cidade e possibilitou o surgimento de tantas outras pelas diversas praias, como o já mencionado sabá de Maria Constanza e suas crias. Essas entidades contam com mais de 15 feiticeiras para ajuda nos trabalhos e alimento, e preferem a descrição, pois sua existência é quase desconhecida pelas pessoas e mantida desta maneira para preservar uma aliança com a Wicca, totalmente avessa a presença de vampiros na ilhas da bruxas.

 

Camatta é a feiticeira responsável pela cidade e lidera as demais feiticeiras, controla os recursos da Ordem e mantém contato com as líderes de Curitiba e Porto Alegre, Fátima Stern e Márcia Constantino, companheira de um famoso opinador político brasileiro que aguarda para ser vampirizado. Uma das mais famosas feiticeiras da cidade se chama Clotilde Espinola e mantém uma rede de lojas de artigos esotéricos, que gera sustento para o sabá. Encontra-se nestas lojas qualquer material mágico, como baralhos de tarot, incensos mágicos e tinturas de sangue de dragão (utilizado em rituais mais poderosos).

 

O grande poder das brujas, porém, tornou este terreno infértil para demônios, sendo que o único é Balthazar, um foragido do inferno e que vive aqui há 120 anos, com preferência por uma conduta de discrição e de raras aparições em tramas mundanas, pois teme chamar atenção demais. Sua residência é um conhecido criadouro de gatos no centro da cidade, próximo da Biblioteca Pública, lugar onde costuma visitar com frequência. No fim de tarde, se fortalece e encara  uma série de partidas de xadrez e dominó com velhos amigos na praça XV ou na rua Felipe Schmidt.

 

Os responsáveis pela movimentação angelical e vigia da cidade são os anjos Arael, Vandael e Hazzael, sendo este último o grande Principado da cidade. Ele reside na Biblioteca da Universidade Federal de Santa Catarina, onde pode ser encontrado sempre assumindo diferentes formas, na maioria das vezes a de um estudante. O querubim Vandael trabalha na proteção das crianças no Hospital Infantil Joana de Gusmão e utiliza-se de sua dor para salvar o maior número de vidas. Na igreja Matriz reside Arael, um Virtude responsável pelo centro da cidade e que constantemente é visto na escadaria da igreja dando alimento aos pombos.

Há relatos de Snake e seus mestres sobre a existência verídica dos portais que trouxeram Lemes de Britto para cá há séculos atrás. Um deles fica no Matadeiro e vai para Arcádia. Outro fica na Ponte Hercílio Luz e foi criado após sua construção, através de uma convegência energética. Acredita-se que sua duradoura interdição está ligada a proteção deste portal, que conecta nosso mundo a Spiritum.

Os temidos clubes de caça são formados apenas por homens e estão sempre prontos para matar qualquer criatura sobrenatural. O fundador foi o mago Jotapê, amigo de Andreus Malinowsky, pioneiro na caça brasileira. Sob fachada do Clube Caça e Tiro de Florianópolis, o Clube de Caça Ilha Norte tem 11 caçadores de elite que exterminaram quase toda população sobrenatural de Florianópolis, hoje quase livre de vampiros. Os anjos também passaram a sofrer perseguição de uma organização conhecida como Frente de Libertação de Cristo, composta de seis caçadores de anjos, todos evangélicos fervorosos e fanáticos, de diferentes igrejas, que acreditam que os anjos são falsos seres celestiais, demônios disfarçados, aproveitando-se da mitologia que os consideram mensageiros de Deus. O poder destes caçadores é provido de sua fé somada a fé de milhares de outros crentes, pois os nomes dos membros do grupo são colocados entre as pessoas que devem receber orações durante os cultos.

Há apenas um membro da Ordem Templária de Aviz em Florianópolis: Júlio Alcântara, quem foi enviado do Rio de Janeiro para representar sua Congregação e relatar todos os acontecimentos sobrenaturais aos círculos internos. Na Umbra Domini, os templários a serviço do Vaticano, existe uma divisão de elite conhecida por Ômega, quem protege cardeais e bispos. Um dos membros atuantes no Brasil, o italiano naturalizado brasileiro Dario Giovanetta reside na Ilha e cuida de algumas missões da sua Ordem no sul do Brasil. Há outras Ordens Templárias: um médio contingente de templários jovens, muitos ligados aos Iluminados, mas com pouco ou nenhum conhecimento da existência de uma sociedade mística encoberta sob a sociedade mundana.

 

Existem vários covens wiccanos em Florianópolis, mas geralmente alheios a política sobrenatural. Os relatos contam que suas formações são compostas por brujos e brujas de diferentes profissões e idades, que têm em comum o amor pela Deusa e pelo Deus. Catarina Vargas Lima, Grande Sacerdotisa de um coven da Tradição das Fadas, pelo o que se conta, é o braço forte da Wicca no Arkanun Arcanorum de Florianópolis, isto porque, além de ser Diácono Oeste, é também casada com o Diácono Superior, Carlos Lima e dizem as fofocas que a bruja têm uma influência nas diversas decisões de seu marido. Outro grande ser wiccano em Florianópolis é a poderosa Sabrina Carvalo, uma jovem bruja talentosa da Tradição Alexândrica que demonstra muito poder e sabedoria, sendo seu nome um referencial para os iniciantes.  

 

Ainda há uma sobrevivente da Ordem de Luvithy vivendo na ilha, escondida no sul, conhecida como “a fugitiva da batalha lendária da praia da Itaguaçu”. Na ocasião, o sabá das Brujas foi pego de surpresa e todas foram transformadas em pedra pelas Fúrias, com exceção de Maria Constanza. Após uma convocação de emergências, suas crias vieram da Espanha em um plano de ajuda que estabeleceu uma poderosa aliança com as Wicca e uma caçada às Fúrias, que tiverem duas de suas integrantes mortas e queimadas, além do solo que foi exorcizado com sal. Até hoje ainda se crê que a sobrevivente Ester estaria planejando uma vingança através de um pacto com o demônio Balthazar.

 

A última grande manifestação foi a chegada dos magos Atlantes em Florianópolis. Estes chegaram junto com uma grande quantidade de turistas e daqui gostaram. Aqui, vivem segundo relatos, quatro magos, quem mantém contato com outros residentes aqui no estado, a maioria em Itajaí. Encontram-se infiltrados em outras sociedades secretas, como os Iluminados. Este é o caso do famoso Juarez Cândido, Diácono Leste de Florianópolis. Já conseguiram colocar um dos seus no Ministro da Pesca e pretendem com isso conseguir mais influência política para a Ordem. Seus sacerdotes são vários pescadores dos mais diversos vilarejos de Florianópolis e estudantes de Biologia da UFSC , muitos ligados a um projeto de proteção das tartarugas marinhas, patrocinado pelos Magos Atlantes. A criação de uma faculdade de Oceanografia também faz parte de seu plano estratégico, pois serve perfeitamente de fachada para seus projetos. Há uma disputa interna na Ordem entre os magos catarinenses e gaúchos; no Rio Grande do Sul, existem planos para reerguer Atlântida próximo às Malvinas, mas os magos de Santa Catarina crêem que o litoral do Estado seria o local mais apropriado.


Estas histórias estão todas em documentos pouco divulgados até hoje, mas são peças que explicam boa parte dos nossos rumos e trajetórias. Tudo que aqui foi transcrito deve ser evitado, sendo encarado com um alerta aos pusilânimes e um prenúncio aos niquentos. Fiquem longe do que não te pertence, respeite os limites da sociedade mortal. O sobrenatural está além do nosso entendimento e habita nossos sonhos mais profundos de liberdade.

REVISTA GRÁTIS - EDIÇÃO 01 - FEVEREIRO/2017
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