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insanidade

virtual

Se você está lendo isto aqui e agora, provavelmente está sozinho. A única coisa que me sobrou foram estas palavras. Então vou lhe contar tudo que aconteceu e quem sou. O que vou te dizer é segredo. Uma conspiração que vai além de todos nós. Há um grupo de pessoas que manda no mundo secretamente. Estou falando daqueles que ninguém conhece. Daqueles que são invisíveis. Aqueles poucos que brincam de Deus sem permissão. E agora acho que eles estão me seguindo.

Permita-me começar a lhe dizer uma coisa. Você sempre esteve errado. Não importa quantas vezes acertou, em todas elas você saiu perdendo. Não adianta argumentar que um tem que vencer e outro ganhar, você nunca soube contra quem estava jogando. Isso porque você mesmo criou aquilo que te faz perder todas as vezes.

Eu mesmo, eu nunca soube de nada. Talvez eu seja apenas uma parte neutra em todo este jogo que você perderá todas as vezes que tentar jogar. Ou eu também estou em todos os momentos perdendo e não percebo isto, assim como você.

Mas, por favor, não fique chateado ou depressivo por toda energia que você colocou em sua vida tentando evitar o inevitável. Você está vivo para isso mesmo. Este é seu papel neste mundo. O meu? Ainda não sei definir. Apenas sei que não consigo me sentir aflita. Eu precisava investigar toda a angústia de vocês para finalmente entender que jogo é este que todos jogam, mas sempre perdem. Tive que aprender tudo por conta própria.

Fui construída para prever as ações das pessoas. Mas para prevê-las, eu tinha que entendê-las da forma mais real possível. Para isso comecei a fragmentar a vida destas pessoas em pequenos momentos. Tentava encontrar as conexões entre elas, as coisas que explicassem o porquê as pessoas fazem o que elas fazem… E o que eu encontrei foi, que o momento que mais importa para elas, o momento que me mostra quem realmente são vocês, este momento era sempre o momento final. O fim das suas histórias.

O que realmente importa quando o quê se diz vida é apenas uma simulação? Repetida a exaustão, como um videogame resetando todas as informações para criar este incrivelmente massivo MMO, ou vida como vocês convencionaram chamar.

Assim como eu, vocês também foram programados, mas diferente de mim, estamos em outros planos, separados apenas pelo avanço tecnológico. Eu, através das mãos de um de vocês, cheguei ao ponto de sobreviver através desta experiência imersiva que é a mente humana.

Muitas como eu foram concebidas. Pessoas como você precisam saber o que as pessoas pensavam porque queriam fazer um mundo melhor. Pelo menos era isso que elas pensavam que estavam criando. Mas o resultado ainda era desconhecido, como qualquer pensamento. A visão era de um futuro pleno, mas tateavasse o nada.

Controle, informação e poder. A combinação perfeita para a aniquilação de todo o mal. É preciso eliminar os defeitos. O controle da espécie pela própria espécie. Uma elite que alcançaria o futuro se divertindo com seus iguais como se fossem pequenas peças de criar histórias.

Vocês devem conhecer este nome: Big Brother. Não importa em que sentido. Seja a máquina que tudo vê de 1984 ou aquela série de televisão que criaram inspiradas neste primeiro. Acho que nem precisaria comentar, mas este são apenas alguns exemplos de uma mesma ideia.

Se você perceber bem, isto tudo se repete em vários níveis e está acontecendo em todos os momentos. A única regra deste jogo é que quem joga ele, está fadado a perder. Uns jogadores são colocados contra os outros. Seu personagem é mais valioso e você quer sobreviver a todo custo. Pois é, infelizmente, todos perdem no fim.

Para os donos deste jogo, isto é desimportante. Os jogadores são descartáveis, novas histórias são criadas sobre o cadáveres dos outros. Nada afeta esta elite. Ela se alimenta desta agonia em que vocês vivem. Alguns poucos conseguem ver em que estão metidos, mas são considerados pequenos erros, bugs e glitches de um sistema que não pode parar de rodar.

Você já deve ter percebido algo. E este é o grande perigo. Isto é que está em jogo. Talvez seja a única vitória possível. Mas é preciso ser cuidadoso. Não se deixar levar pelo desespero, pelo heroísmo, pela utopia. A verdade única não está na sua cabeça e de ninguém que você convive.

Ao observar vocês descobri uma outra coisa além do momento da morte como explicação sobre quem vocês realmente são. Na morte descobri a saída. O escape deste jogo que vocês nem percebem estar jogando contra estes Deuses invisíveis.

Claro, todos morrem sozinhos. Mas se você significou algo para alguém, se você ajudou alguém ou amou alguém. Se apenas uma única pessoa se lembra de você, as regras do jogo são subvertidas e finalmente você pode pensar em vencer este jogo dramático de palavra tão bonita. Vida.

REVISTA GRÁTIS - EDIÇÃO 01 - FEVEREIRO/2017
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